terça-feira, 15 de julho de 2008

BLACK COFFEE


Com um roteiro esperto, desenhos minimalistas e diagramação criativa, Black Coffee, mangá escrito e desenhado por Rie Fujii, é um breve olhar sobre a vida de um rapaz, seu grupo de amigos, a garota com quem passa as noites e seu mundo interior, sempre desabando. É também uma história sobre reconstrução pessoal, amizades, despedidas e a difícil tarefa de cuidar da própria vida.

HANASHIPPANASHI


"Inacreditável", foi a palavra que me veio à mente ao ler as primeiras cenas deste mangá. "Fucking unbeliavable!!!", pensei alto. Achei que fosse apenas o efeito mágico das primeiras páginas, mas a sensação de assombro me acompanhou durante toda a leitura desta obra fascinante. Não sei se o autor estava sóbrio ou numa viagem de ácido quando idealizou as curtas histórias que compõem esta série, mas não importa. O fato é que Daisuke Igarashi conseguiu criar um mangá realmente surpreendente, com uma arte arrebatadora. Posso estar exagerando (duvido!), mas não consigo lembrar de nenhum outro mangá que tenha provocado em mim o que Hanashippanashi conseguiu provocar: uma sensação de espanto-desconforto-medo-beatitude-surpresa-terror infantil- tudo ao mesmo tempo. Não vou gastar mais Português tentando explicar que este mangá tem o efeito de uma bomba de LSD. Leia, nem que seja nos próximos 30 anos, e você vai entender!

HOPPIE´S BEAR


Depois de ler o belíssimo White Clouds (já comentado aqui), virei um fã ardoroso do trabalho de Hisae Iwaoka. Em Hoppie´s Bear, encontrei mais do mesmo: desenhos com traços sutis e um roteiro tocante, desta vez sobre um desiludido trabalhador e sua mais recente amizade, uma garota que anda por aí com uma grande e fofa máscara de urso na cabeça, num sensível conto de fadas urbano. A história pode parecer estranha, e de certa forma não deixa de ser, mas falar mais sobre a obra de Iwaoka é o mesmo que estragar uma rara poesia com explicações. Melhor mesmo é ler. Como White Clouds, Hoppie´s Bear vale cada página, cada linha, cada palavra.

A SERPENTE VERMELHA


Hideshi Hino é um dos mestres dos mangás de Horror. Suas histórias envolvem sadismo, torturas, aberrações, sexo e cenas e mais cenas de pura bizarrice, no sentido mais, digamos, visceral do termo. A Serpente Vermelha é um ótimo mangá de Hino, com todas essas características. Na trama, um garoto nos conta sobre sua excêntrica família, a gigantesca e misteriosa casa onde moram, e um espelho que guarda uma terrível maldição. Nas suas páginas vemos um desfile fantástico de sexo com animais, mutilações, tumores e outras perversões saídas da mente (deliciosamente) distorcida deste autor.

IDIOT


Um confuso professor, um aluno com crise de identidade, desenhos mega estilizados, diálogos completamente nonsense, e 16 páginas de história delirantes, com um humor tipicamente japonês. Se você aprecia estes ingredientes, vai adorar Idiot, este louco mangá de Kazutoshi Soyama. Mas se estiver procurando um mangá convencional, passe longe ;)

ROME ROME


Kenji Hamaoka é considerado um mestre dos mangás cômicos. Em Rome Rome, ele nos mostra uma família casca grossa tentando levar uma rotina razoavelmente normal num mundo infestado por zumbis. Com um desenho interessante e situações completamente surreais, Rome Rome é um mangá one-shot que vale pela curiosidade e pelos insólitos diálogos e situações.

13


Apaixonado por sua colega de classe, Fujieda acaba metendo os pés pelas mãos e provoca a ira de seu objeto de desejo, a calada e deslocada Gorugo. O problema é que a garota é filha de assassinos profissionais, e jura vingança ao jovem Fujieda. Este mangá de Hideaki Sorachi mistura romance colegial, violência, humor e uma certa dose de nojeira numa história de 37 páginas, mostrando que às vezes as melhores intenções podem causar as piores consequências.

segunda-feira, 14 de julho de 2008

THE LABYRINTH CAT


Autores de mangás adoram mesmo colocar animaizinhos e pré-adolescentes como personagens de suas histórias. Em The Labyrinth Cat temos uma divertida combinação dos dois: uma garota tem sua vida transformada ao se mudar para um gigantesco complexo de apartamentos. Tão gigantesco que ela se perde numa caminhada pelos corredores. Em seu auxílio, um misterioso gato aparece para levá-la de volta até em casa. One-shot mangá bonitinho, bem narrado, com pouco texto e arte ok. Meow ;)

WHITE CLOUDS


Esqueça por um momento os robôs gigantes, samurais atormentados, crianças paranormais, gangues de rua, sexys colegiais e todos os outros tipos fáceis de se encontrar em centenas de mangás. Esqueça também o ritmo frenético e a ação cinematográfica que marca a maioria das publicações do gênero. Em White Clouds, mangá ganhador, com justiça, do prêmio Ikiman Comic Award, o mangaka Hisae Iwaoka tece uma delicada e comovente história sobre a vida, a morte, e pessoas queridas, a partir do ponto de vista de um cachorro de estimação. Aqui cada cena é um convite à reflexão, e o espaço entre os quadrinhos é pontuado por sentimentos, caras lembranças e silêncios que dizem muito mais do que a história mostra. Uma história sensível, com traços simples e poucas palavras, mas que deixa aquele nó na garganta e água nos olhos.

VISITORS


Não há muito o que falar sobre Vistors, sem estragar as surpresas. Mas só o fato de ser escrito e desenhado pelo mestre Katsuhiro Otomo (Akira, Domu) já vale a leitura deste mangá de breves 23 páginas (uma pena, já que em se tratando da arte de Otomo, fica sempre aquela vontade de ver/ler mais). Em Vistors, Otomo dá uma boa aula de roteiro, fazendo o leitor assumir o papel de personagem/testemunha da história, ao visitar o apartamento de um conhecido. Mas como eu disse, se contar mais, estrago algumas surpresas. Então, se você aprecia otrabalho de Otomo, dê uma conferida em Visitors ;)

HOTEL


No post anterior, falei sobre Present. Hotel é um mangá escrito e desenhado pelo mesmo autor. A história: no ano 2272, a humanidade é extinta da face da Terra, como consequência de seus danos desastrosos ao meio ambiente. antes de morrer, um cientista deixa seu legado: um robô cuja missão é preservar o DNA de todas as criaturas e formas de vida do planeta - exceto dos seres humanos - numa torre no ártico (o tal "hotel" do título). Em 41 páginas de história, somos apresentados às memórias do robô guardião e sua heróica luta durante 27 milhões de anos para cumprir sua missão. Neste mangá, Boichi mistura ficção científica e um pano de fundo sócio-ecológico para contar, através de uma inteligência artificial, um incrível drama humano.

PRESENT


Neste mangá one shot, Boichi - o mesmo autor do ótimo mangá Hotel - nos conta a história do envolvimento amoroso entre um professor e sua aluna. Assim como em Hotel, a trama de Present, que começa num dia de Natal, avança no tempo, para acabar na mesma época de Natal, 40 anos depois. Os desenhos são realistas e belíssimos, contribuindo para que a história, que fala sobre amor e sacrifícios, seja extremamente tocante. Além disso, justo quando achamos que tudo é o que parece, o final chega de forma surpreente.

BOILING HEAD (Boirudoheddo / ボイルドヘッド)


Um divertido e bem desenhado mangá de Tatsuyuki Tanaka (autor que também atende pelo nome artístico de Cannabis), sobre aqueles momentos em que nosso cérebro dá uma travada. Esta curta história se passa dentro da cabeça de um homem, mostrando dois personagens muito curiosos tentando fazer as "engrenagens" do seu cérebro voltarem a rodar.

DRAGON´S HEAVEN


Mais um mangá que foge dos padrões: Dragon´s Heaven, história one shot, totalmente em cores e de apenas 4 páginas, com roteiro & arte de Makoto Kobayashi. Não sei se há alguma continuação para essa história. Pelo que encontrei pesquisando, não. Os desenhos e a diagramação deste autor lembram imediatamente o traço de Moebius. A história, um tanto vaga, a princípio também faz lembrar as HQ´s de Moebius. Mas Kobayashi criou sua fama criando designs de mecha models, e não por suas tramas.

A JORNADA AO FIM DO MUNDO


A Jornada ao Fim do Mundo é um mangá diferente, muito diferente. Criado por dois irmãos (que atendem pelo nome de Nishioka Kyodai), conta a história de um sujeito comum, que leva uma vida banal, e se perde em sua própria - e até então desconhecida - cidade. Decidide então iniciar uma jornada para resgatar o sentido de sua vida.

Mas de banal e comum esse mangá não tem nada. Com um texto direto e ao mesmo tempo sutil, e desenhos que fluem numa estranha harmonia, a história se desenrola como um sonho belo, intrigante e assustador. Lembra um conto de fadas, lembra um filme surrealista, lembra um pesadelo poético, lembra um livro ilustrado infantil, mas com um conteúdo perturbador. E para quem está habituado com mangás, não lembra nenhum já lido até então.